St. Justin Martyr

Apontando e vendo juntos


Todos os bebês apontam sem treinar. Mãe alguma precisa instruir seu filho a estender seu pequeno dedo indicador e a dirigi-lo a um objeto. Eles fazem isso sozinhos e esta, assim como falar e andar, é uma das conquistas que checamos em nossa lista, quando a criança, progressivamente, abre-se ao mundo. Este gesto vem antes da linguagem e, na verdade, a própria linguagem deixaria de “chegar ao ponto”, por assim dizer, se aquele dedo soberano não apenas a precedesse, mas o acompanhasse permanentemente. Todo adulto continua apontando pelo resto da sua vida – entre eles, filósofos e profetas. 

Estudos recentes mostraram que a mente do bebê não está apenas manifestando interesse pessoal nos objetos para os quais ele aponta. Ela está também se oferecendo às outras pessoas para contemplar ou ouvir junto aquilo que despertou a atenção, e compartilhar a percepção em comunhão com um outro. Uma vez adultos, quando vemos algo de que gostamos, ou até algo que nos cause medo ou desgosto, um de nossos primeiros impulsos é chamar a atenção de alguém, para que não apreciemos ou temamos em isolamento.

De fato, há algo de social na sensação. Recordo-me de uma passagem no Comentário de Macróbio sobre o Sonho de Cipião (de Cícero), em que alguém que, tendo ascendido às maiores alturas dos Céus, vê as gloriosas vastidões da Criação diante de seus olhos; depois faz uma observação reveladora. Ele diz o quão enormemente triste seria ter recebido a graça de contemplar tão esplêndida série de maravilhas, mas sem ter com quem compartilhar a experiência.

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