FRETE INCLLUSO (envio somente às segundas-feiras pela modalidade IMPRESSO)
As ciências modernas têm revelado tantas novas perspectivas sobre o cosmos e nós mesmos que facilmente perdemos de vista a mais reveladora de todas: a humana. Pior ainda, uma ou outra das novas óticas – a astrofísica ou a evolucionista, por exemplo – amiúde acaba reivindicando autoridade final para definir nossa natureza e nossa posição no mundo. Nosso corpo, não obstante, com seu rosto soberano (sem acessórios técnicos), e nossa mente, com seus poderes nativos (sem hipóteses e cálculos apressados), já possui o ponto de vista mais abrangente e fidedigno de todos. O presente livro monta uma defesa dessa perspectiva originária, mas com uma torção. Platão identificou o “sinóptico” (a realidade em suas íntimas conexões) como alvo do conhecimento filosófico, mas hoje, intimidados pelas ciências prepotentes, só podemos preservar essa visão do conjunto (objetivamente falando) pelo cultivo de um ponto de vista correspondente e proporcionado (subjetivamente falando). Isso ganhou o nome de “cenoscópico” (um olhar “comum”). As abordagens particulares (“idioscópicas”, com um olhar “especialista”) necessitam da contextualização e da interpretação que só um olhar inconfundivelmente humano pode oferecer. Este livro vai identificar e delinear a cenoscopia como a única perspectiva capaz de resgatar uma filosofia independente das novas ciências, mas também em condições de encontrar sentido, propósito e valor dentro delas e, ainda mais importante, além delas.
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O rosto humano é um fenômeno paradoxal – por definição, uma superfície, mas a superfície mais profunda que existe. Há uma relação multifacetada entre sua aparência imediata e as ideias, intenções e amores que jazem não atrás dela, mas dentro. É aqui que reside o mistério humano em toda sua beleza, drama e desafio. Juntamente com as duas mãos, o rosto é o maestro da sinfonia dos cinco sentidos que compõem a rede de contatos que apresenta a pessoa humana ao mundo.
Mas, vis-à-vis de nosso rosto, encontramos não só os rostos de nossos semelhantes (e dos animais), mas também a face do universo. E essa face também tem suas profundezas superficiais. Porém, os grandes sucessos da ciência e tecnologia modernas querem sugerir que a realidade do mundo, muito além das aparências, está nas forças e dimensões ocultas que elas desvendam e manuseiam.
Este livro disputa essa reivindicação, que virou quase um dogma das novas ciências. Mas perdemos muito quando duvidamos das aparências evidentes da Terra sobre a qual andamos, e do sentido da beleza do sol, da lua e da abóbada celeste que brilha sobre nós. Os poetas e os músicos já sabem disso. O saber deles é mais do que uma distração de entretenimento ou uma mera fonte de relaxamento após as labutas das coisas sérias. É um conhecimento profundo e real. A filosofia, porém, em grande medida, em vez de seguir as estrelas-guias dos poetas, rendeu-se ao cientificismo contemporâneo e decidiu emular os cálculos dos cientistas.
É simplesmente uma traição contra nossos sentidos e nosso senso comum tentar reduzir, por exemplo, a realidade do Sol – que nos dá calor, luz e vida – a meros processos termodinâmicos, ignorando sua majestade e sugestão de transcendência. E os astros, como nos aparecem a olho nu, realmente existem no mundo humano exatamente como eles aparecem. Nossa perspectiva terrestre, com toda sua proporcionalidade humana, não é um engano, um antropomorfismo ou um falso geocentrismo, mas a chave para os únicos insights que nos interessam nas humanidades, na filosofia e até na religião. Só essas intuições têm a envergadura capaz de situar e contextualizar tudo o que aprendemos nas diversas ciências especializadas.
O resgate dessa perspectiva “sinóptica” e “cenoscópica” é o intuito deste livro – não pela recitação de poemas, o estudo de um currículo filosófico ou uma aventura de fé religiosa (todos altamente recomendados!), mas por uma viagem intelectual pelas regiões mais familiares dos saberes e das artes que nosso mundo hoje nos apresenta. Será um exercício filosófico, mas sem seguir um curso de filosofia. Como sempre na filosofia, seremos convidados não a saber tudo a respeito de algo, mas antes algo a respeito de tudo. Seremos encorajados a ficar face a face com o mistério total da realidade que nos rodeia, cuja presença é inconfundível – mesmo que permanentemente, e felizmente, além de nossa compreensão.
ISBN: 978-65-88691-34-2
272 páginas
Ano de publicação: 2025
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